Quase um terço das famílias residentes no Bairro
Social Margens do Arunca, todas elas de etnia cigana, correm
o risco de virem a ser despejadas das suas habitações
pelo proprietário dos imóveis, o Município
de Pombal. O aviso foi dado pelo vereador Diogo Mateus, responsável
pelo pelouro da Acção Social, durante a última
reunião do executivo. Em causa está o repetido
incumprimento das obrigações por parte dos inquilinos
que, em alguns casos, nunca pagaram qualquer renda à autarquia
desde que mudaram para as novas casas. E não se pense
que os valores são assim tão elevados... Em média,
estamos a falar de uma renda num bairro inaugurado há menos
de um ano que fica na ordem dos 15 euros mensais e que, pelo
menos num caso, ronda apenas os cinco euros.
Foi já no final da reunião de câmara que
Diogo Mateus deu a informação aos seus colegas
de executivo. O vereador anunciou que há dois inquilinos
do Bairro S. João de Deus que vão mesmo ser despejados
e que existem duas dezenas de processos respeitantes ao Bairro
Margens do Arunca cujos prazos para regularizar as situações
estão a expirar. “Em muitos casos as pessoas são
beneficiárias do rendimento de reinserção
social e têm de definir prioridades”, disse. O vereador
adianta que tem havido alguma condescendência, mas “temos
de ver que há outras pessoas que também necessitam
de casa”. Diogo Mateus fala em rendas de 15 euros que não
são pagas e promete também rever os apoios escolares
dados pelo Município. “Pessoas que ignoram os contactos
directos e não querem resolver as suas situações
não podem continuar a usufruir daquelas condições”,
afirmou. Para ajudar a resolver o problema, a autarquia coloca
mesmo a hipótese de “reforçar o auxílio à gestão
mensal”, através de técnicas do Município,
de forma a garantir que as famílias tenham capacidade
para chegar ao final do mês com as suas situações
regularizadas. É que no caso do Bairro Margens do Arunca
não são só as rendas que estão em
atraso. Ao que O Correio de Pombal apurou, também várias
facturas da água continuam por liquidar nos serviços
competentes da autarquia.
A posição assumida pelo vereador da Acção
Social foi apoiada pelos restantes membros do executivo. Rui
Miranda concorda com futuras acções que venham
a ser tomadas contra quem continua em incumprimento, nomeadamente
para quem recebe apoios do Estado. “Existem famílias
que vivem de prestações sociais há seis
ou sete anos e isso transforma-se num vício”, garante
o socialista. Já Michäel António entende que
o Município tem de ser exigente para com os seus inquilinos.
Mais duro foi Sérgio Leal que afirmou mesmo que “existe
discriminação positiva sobre pessoas que, em muitos
casos, nem sequer pagam impostos”. Para o vereador da oposição, “estas
pessoas revelam um sentimento de ingratidão perante quem
fez um grande esforço financeiro para lhes dar melhores
condições de vida”. A finalizar, Sérgio
Leal referiu que “a situação é grave
e a Câmara tem de ser intransigente”.
Actualmente, a autarquia pombalense tem cerca de 150 inquilinos
em habitações das quais é proprietária.
Nuno Tomaz Oliveira