O principal suspeito do crime que vitimou Maria do Rosário
em Setembro do ano passado em Matas, freguesia do Louriçal,
começou a ser julgado pelo colectivo de juízes
do Tribunal de Pombal. O silêncio do arguido marcou a primeira
sessão do julgamento. O arguido é um homem de cerca
de 50 anos, residente em Matas, e é acusado dos crimes
de homicídio qualificado e maus tratos à vítima.
Maria do Rosário, companheira do arguido há cerca
de cinco anos, foi encontrada morta por um bombeiro. “Quando
cheguei ao quarto encontrei um vulto coberto por um lençol”,
recordou o soldado da paz em sessão de julgamento.
O crime ocorreu em Setembro do ano passado. O arguido é acusado
de estrangular, até à morte, a companheira. Consciente
do crime que tinha cometido telefonou de imediato para o 112
e de seguida ao irmão da vítima a quem confirmou
que a irmã já era cadáver, segundo testemunhos
registados em sessão de audiência. Na sequência
destes actos, o arguido terá atentado sobre a sua própria
vida por meio de enforcamento. Os bombeiros ouvidos pelo colectivo
de juízes confirmaram que encontraram o arguido suspenso,
mas com os pés no chão, numa árvore do quintal
da casa onde o casal residia. Assim que chegaram um dos bombeiros
socorreu o arguido e o outro foi à procura da vítima,
de acordo com as indicações do CODU. As marcas
da corda apertada no pescoço foram os únicos vestígios
encontrados no corpo do homem.
No primeiro dia do julgamento ainda foram ouvidos os investigadores
da Polícia Judiciária que investigaram o caso e
admitiram que o indivíduo cooperou com as investigações,
nomeadamente na reconstituição do crime.
O médico do Hospital Psiquiátrico de Coimbra que
acompanhou Maria do Rosário foi uma das primeiras testemunhas
a ser ouvida pelo colectivo e confirmou, em sessão de
audiência, que a vítima era uma pessoa com problemas
do foro psiquiátrico há vários anos. O médico
confirmou que chegou a detectar marcas de violência física
no corpo de Maria do Rosário durante o período
em que esteve casada com o pai dos filhos, que entretanto faleceu.
Desde que residia com o arguido as frequências às
consultas diminuíram.
No mesmo dia ouviram-se os testemunhos dos familiares da vítima.
Segundo o testemunho dos irmãos e da mãe, Maria
do Rosário “não era feliz e queixava-se com
frequência de ser vítima de agressões verbais
do companheiro”. Os maus-tratos foram confirmados por um
guarda do posto da GNR da Guia que acompanhou Maria do Rosário
ao centro de apoio à vítima de Pombal. O militar
admitiu que a vítima se queixou de maus-tratos causados
pelo companheiro.
O julgamento ficou ainda marcado pelas reacções
das filhas da vítima que chamaram o arguido de “assassino” quando
este chegou ao Tribunal de Pombal. O arguido está detido
na prisão de Leiria desde que ocorreu o crime. Posteriormente,
e já na sala de audiências, o juiz presidente foi
obrigado a intervir, por diversas vezes, para manter a ordem,
corrigindo determinadas manifestações das filhas
da vítima.
De acordo com a lei a pena por um crime desta natureza poderá ir
até aos 25 anos de prisão.
Paula Marques