O
Marquês de Pombal
Considerada
uma das figuras mais polémicas e controversas da história
portuguesa, Sebastião José de Carvalho e Mello
nasceu em Lisboa a 13 de Maio de 1699. Descendente de uma família
nobre, era filho de Manuel de Carvalho e Ataíde e de D.
Teresa Luísa de Mendonça. Seu pai, que fora capitão-tenente
de Mar e Guerra, serviu no exercito e foi sargento - mor de regimento
de cavalaria da corte. Lutas de interesses no seio da família
levaram-no a sair de Lisboa para a zona de Coimbra, tendo-se
instalado em Soure.
Déspota
iluminado, foi considerado um dos maiores estadistas portugueses,
que marcou o século XVIII e o absolutismo régio,
tendo elevado Portugal no contexto Mundial, através de
uma política de concentração de poder, que
visava o restabelecimento da economia nacional e a resistência
desta até a dependência de Inglaterra. Teve uma
intervenção marcante para o Pais e sobretudo para
Lisboa, apesar de até 1738, data da sua primeira indigitação
para relevantes funções públicas, ter tido
uma existência apagada. Nesta altura teve início
a sua carreira, com a missão de enviado extraordinário
a Inglaterra, de onde veio a transitar, em 1744, para a corte
austríaca.
A sua ascensão política (1750-1755) e auge da sua carreira
deu-se com a subida ao trono de D. José I, de quem foi 1º ministro,
facto que levantou alguns descontentamentos, sobretudo por parte da nobreza.
Durante a sua acção governativa colocou em pratica uma
política reformista que contemplou a reforma das finanças,
do comércio, da agricultura, e da educação/ensino.
Criou
e desenvolveu uma política económica para alterar
a mentalidade e as capacidades de acção do pais.
Extinguiu privilégios ao clero e a nobreza e retirou poderes
dispersos na sociedade centralizando-os na realeza e criou reformas
no sentido iluminista. A sua principal missão baseou-se
em assegurar o efectivo poder do Estado.
Defendeu
uma política mercantilista e proteccionista que visava
o fomento e protecção da política de incremento
de manufacturas nacionais. Desenvolveu um projecto de industrialização
nacional a fim de garantir a independência nacional.
Uma
das suas principais reformas esteve ligada a secularização
do ensino, tornando-o numa instituição secular
em detrimento de uma instituição eclesiástica.
Executou grandes reformas na universidade e criou algumas, bem
como museus. Eliminou a teologia como matéria predominante,
criou o hospital e o teatro anatómico, o dispensário
farmacêutico, o jardim botânico, a faculdade de matemática,
o laboratório de química, o observatório
astronómico, a faculdade de direito, laboratório
de ensino empírico, museu de história natural,
reformulou a Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra, criou
a Real Fábrica do Rato e a Companhia de Navegação,
entre outras coisas. Contratou professores estrangeiros, em substituição
de professores tradicionais que expulsou.
Uma série de maus anos agrícolas e o terramoto de Lisboa
a 1 de Novembro de 1755 propiciaram a sua crescente afirmação
pessoal. Face a este terramoto, Pombal foi quem melhor se soube impor
aos acontecimentos, tomando medidas notáveis para diminuir as
carências e dores da população e para avançar
com a reconstrução da cidade, cuja edificação
foi acompanhada de perto pelo estadista. Foi nesta altura que se afirmou
como homem providencial, ao lado do rei tendo assumido claramente a sua
liderança, ao desencadear um ataque notável aos seus opositores
políticos e mostrando-se decidido a implementar um movimento de
reorganização do aparelho de Estado, reforçando
os poderes deste e régios.
Em
1758, aquando o atentado de D. José (possivelmente por
parte da família dos Távoras, com a cumplicidade
da Companhia de Jesus), Pombal ficou junto dele defendendo a
severa condenação dos conspiradores e culpados,
facto que o ligou para sempre ao processo dos Távoras.
Foi titulado Conde de Oeiras em 1759 e Marquês de Pombal
em 1769 / 70.
Alguns
autores defendem a existência de três fases principais
na vida deste estadista. Uma primeira fase, anterior a 1750,
marcada pela experiência diplomática, que o levou
como embaixador do Rei as cortes britânica (1738 - 1743)
e austríaca (1745 -1749). Uma segunda fase, correspondente
a subida de D. José I (1750) ao poder e a nomeação
do Marquês de Pombal como Secretário de Estado dos
Negócios Estrangeiros e da Guerra e, por ultimo, uma terceira
fase, após a morte do Rei (Março de 1777), altura
em que se exila em Pombal sendo alvo de uma feroz ofensiva política,
movida pelos seus inimigos, novos dirigentes.
Sebastião
José de Carvalho e Mello, amado por uns, odiado por outros
foi, sem duvida, um verdadeiro estadista, inteligente, com perspicácia
política e extraordinária capacidade de trabalho,
o que esta bem demonstrado pelo volume de cartas, ofícios,
pareceres e decisões que produzia e tomava, das quais
hoje apresentamos alguns exemplos no Museu Marquês de Pombal.
…e
a terra de Pombal
Relativamente
a sua ligação a Pombal, tudo leva a crer que tenha
surgido quando, em 1724, abandona o lar matérno na Rua
Formosa em Lisboa, para vir para os "campos do Mondego".
A tradição que nos indica o nascimento de Carvalho
e Mello no termo de Soure ou numa quinta próxima do concelho
de Pombal parece-nos ultrapassada, sendo vários os estudos
que parecem não deixar duvidas relativamente ao seu nascimento
em Lisboa, a 13 de Maio de 1699, assim como ao seu baptismo a
6 de Junho nesta mesma cidade, na freguesia das Mercês.
Segundo vários autores, só alguns anos mais tarde,
terá vindo para a região de Soure e possivelmente,
para a Quinta da Gramela, localizada junto a Pombal, hipótese
que nos parece ter fundamento uma vez que a Quinta pertencia
ao seu tio paterno, arcipreste Paulo de Carvalho e Ataíde,
de quem a acaba por herdar.
Para
alem desta Quinta tinha, ainda, um elevadíssimo numero
de propriedades nos arredores de Pombal, em Pelariga, Ranha,
Vale, Vila Cã, Assamassa, Gelfa (Soure), bem como a Quinta
de Nossa Senhora do Desterro (a sul da Gramela, em Santorum,
Granja e Escoural) e a Quinta de S. Gião (a norte da Gramela,
por Aldeia dos Redondos, Reis, Charneca dos Reis, Almagreira
e Lagares), das quais era igualmente senhor.
A
par da agricultura, o Marquês de Pombal procurou promover
a indústria no Concelho, tendo em 1759, criado a Real
Fábrica de Chapéus de Pombal (dirigida pelo francês
Sauvage), na Quinta da Gramela, a partir de uma proposta da Junta
do Comércio.
Tratava-se
de uma fábrica de chapéus finos, que funcionava
também como escola profissional, onde 25 aprendizes cumpriam
um período obrigatório de aprendizagem de 5 anos,
que culminava com um exame final que lhes possibilitava a obtenção
da "carta de mestre".
Esta
fábrica teve uma inegável importância, tendo
atraído a Pombal pessoas oriundas de diversas partes do
pais e do estrangeiro e, por outro lado, foi uma criação
que evidenciou o proteccionismo mercantilista. Portugal era importador
de artigos de luxo, nomeadamente de chapéus finos, sobretudo
vindos de França, pelo que esta criação
diminuía a nossa dependência e contribuía
para a resposta a crise económica e financeira que atingira
o pais por volta de 1760.
Em
reconhecimento do seu desempenho, recebeu 0 titulo de 1.0 Conde
de Oeiras, passando esta localidade a Vila em 1759, em retribuição
dos serviços prestados, durante mais de vinte anos, recebeu
o senhorio de juro e herdade da Vila de Pombal. As décadas
de 1760 e 1770 correspondem ao período mais prospero da
vida do Marquês, 0 que esta visível pela sua nomeação,
como 1º Marquês de Pombal, em 18 de Setembro de 1769.
E
como senhor de Pombal que efectua a ordenação da
parte baixa da vila e em 1776 manda construir na Praça,
hoje com seu nome, a cadeia, no sítio do antigo pelourinho
e o celeiro e manda restaurar o seu solar na Quinta da Gramela.
Após
a morte de D. José, em 1777, assistimos a morte política
de Sebastião José de Carvalho e Mello que, gravemente
doente, enfrenta a vingança dos seus adversários
políticos. Alguns dias após a morte do Rei, parece
ter pedido a D. Maria I que o isentasse das funções
que desempenhava e que o autorizasse a sair para Pombal, pedido
a que a Rainha respondeu favoravelmente. Isto leva a crer que
Carvalho e Mello, inicialmente, veio para Pombal por vontade
própria e não exilado, como se costuma pensar.
Chegado
a Pombal, a 15 de Março, o Marquês, em vez de se
instalar na Quinta da Gramela, fica numa casa localizada na Praça
junto a Matriz, que pertencera a família Castelo Melhor.
A sua recepção não foi propriamente acolhedora,
contudo a população, progressivamente, foi tendo
uma opinião mais favorável a seu respeito.
Foi alvo de muitas acusações e longo processo judicial,
tendo em 1779 sido acusado de fraude, roubo e de abuso de poder. Entre
11 de Outubro e 15 de Janeiro foi interrogado, na sua casa em Pombal,
onde se defendeu dizendo que se limitava a cumprir as ordens do Rei.
Em 1781, é proferida a sentença da Rainha, tendo o Marquês
sido considerado culpado das acusações, mas em função
do seu estado de saúde, apenas foi condenado a sair da corte e
a ficar a uma distância de vinte léguas. Julgamos ser nesta
altura que o seu exílio voluntário em Pombal, passa a exílio
compulsivo.
Em
8 de Maio de 1782, a sua morte coloca fim a tudo isto. Morto,
os seus restos mortais permanecem na Igreja do Convento de N.ª Sr.ª do
Cardal até 1856, data da transladação para
a Igreja das Mercês, em Lisboa. O caixão ficou no
entanto na Igreja do Cardal, de onde saiu em 1909 para a sacristia
tendo, em 7 de Novembro de 1910, a Câmara Municipal de
Pombal decidido incorpora-lo no seu espolio, fazendo hoje parte
do acervo do Museu Marquês de Pombal.
Cidália
Gaspar Lourenço Botas in Brochura do Museu O Marquês
de Pombal
Considerada
uma das figuras mais polémicas e controversas da história
portuguesa, Sebastião José de Carvalho e Mello
nasceu em Lisboa a 13 de Maio de 1699. Descendente de uma família
nobre, era filho de Manuel de Carvalho e Ataíde e de D.
Teresa Luísa de Mendonça. Seu pai, que fora capitão-tenente
de Mar e Guerra, serviu no exercito e foi sargento - mor de regimento
de cavalaria da corte. Lutas de interesses no seio da família
levaram-no a sair de Lisboa para a zona de Coimbra, tendo-se
instalado em Soure.
Déspota
iluminado, foi considerado um dos maiores estadistas portugueses,
que marcou o século XVIII e o absolutismo régio,
tendo elevado Portugal no contexto Mundial, através de
uma política de concentração de poder, que
visava o restabelecimento da economia nacional e a resistência
desta até a dependência de Inglaterra. Teve uma
intervenção marcante para o Pais e sobretudo para
Lisboa, apesar de até 1738, data da sua primeira indigitação
para relevantes funções públicas, ter tido
uma existência apagada. Nesta altura teve início
a sua carreira, com a missão de enviado extraordinário
a Inglaterra, de onde veio a transitar, em 1744, para a corte
austríaca.
A sua ascensão política (1750-1755) e auge da sua carreira
deu-se com a subida ao trono de D. José I, de quem foi 1º ministro,
facto que levantou alguns descontentamentos, sobretudo por parte da nobreza.
Durante a sua acção governativa colocou em pratica uma
política reformista que contemplou a reforma das finanças,
do comércio, da agricultura, e da educação/ensino.
Criou
e desenvolveu uma política económica para alterar
a mentalidade e as capacidades de acção do pais.
Extinguiu privilégios ao clero e a nobreza e retirou poderes
dispersos na sociedade centralizando-os na realeza e criou reformas
no sentido iluminista. A sua principal missão baseou-se
em assegurar o efectivo poder do Estado.
Defendeu
uma política mercantilista e proteccionista que visava
o fomento e protecção da política de incremento
de manufacturas nacionais. Desenvolveu um projecto de industrialização
nacional a fim de garantir a independência nacional.
Uma
das suas principais reformas esteve ligada a secularização
do ensino, tornando-o numa instituição secular
em detrimento de uma instituição eclesiástica.
Executou grandes reformas na universidade e criou algumas, bem
como museus. Eliminou a teologia como matéria predominante,
criou o hospital e o teatro anatómico, o dispensário
farmacêutico, o jardim botânico, a faculdade de matemática,
o laboratório de química, o observatório
astronómico, a faculdade de direito, laboratório
de ensino empírico, museu de história natural,
reformulou a Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra, criou
a Real Fábrica do Rato e a Companhia de Navegação,
entre outras coisas. Contratou professores estrangeiros, em substituição
de professores tradicionais que expulsou.
Uma série de maus anos agrícolas e o terramoto de Lisboa
a 1 de Novembro de 1755 propiciaram a sua crescente afirmação
pessoal. Face a este terramoto, Pombal foi quem melhor se soube impor
aos acontecimentos, tomando medidas notáveis para diminuir as
carências e dores da população e para avançar
com a reconstrução da cidade, cuja edificação
foi acompanhada de perto pelo estadista. Foi nesta altura que se afirmou
como homem providencial, ao lado do rei tendo assumido claramente a sua
liderança, ao desencadear um ataque notável aos seus opositores
políticos e mostrando-se decidido a implementar um movimento de
reorganização do aparelho de Estado, reforçando
os poderes deste e régios.
Em
1758, aquando o atentado de D. José (possivelmente por
parte da família dos Távoras, com a cumplicidade
da Companhia de Jesus), Pombal ficou junto dele defendendo a
severa condenação dos conspiradores e culpados,
facto que o ligou para sempre ao processo dos Távoras.
Foi titulado Conde de Oeiras em 1759 e Marquês de Pombal
em 1769 / 70.
Alguns
autores defendem a existência de três fases principais
na vida deste estadista. Uma primeira fase, anterior a 1750,
marcada pela experiência diplomática, que o levou
como embaixador do Rei as cortes britânica (1738 - 1743)
e austríaca (1745 -1749). Uma segunda fase, correspondente
a subida de D. José I (1750) ao poder e a nomeação
do Marquês de Pombal como Secretário de Estado dos
Negócios Estrangeiros e da Guerra e, por ultimo, uma terceira
fase, após a morte do Rei (Março de 1777), altura
em que se exila em Pombal sendo alvo de uma feroz ofensiva política,
movida pelos seus inimigos, novos dirigentes.
Sebastião
José de Carvalho e Mello, amado por uns, odiado por outros
foi, sem duvida, um verdadeiro estadista, inteligente, com perspicácia
política e extraordinária capacidade de trabalho,
o que esta bem demonstrado pelo volume de cartas, ofícios,
pareceres e decisões que produzia e tomava, das quais
hoje apresentamos alguns exemplos no Museu Marquês de Pombal.
…e
a terra de Pombal
Relativamente
a sua ligação a Pombal, tudo leva a crer que tenha
surgido quando, em 1724, abandona o lar matérno na Rua
Formosa em Lisboa, para vir para os "campos do Mondego".
A tradição que nos indica o nascimento de Carvalho
e Mello no termo de Soure ou numa quinta próxima do concelho
de Pombal parece-nos ultrapassada, sendo vários os estudos
que parecem não deixar duvidas relativamente ao seu nascimento
em Lisboa, a 13 de Maio de 1699, assim como ao seu baptismo a
6 de Junho nesta mesma cidade, na freguesia das Mercês.
Segundo vários autores, só alguns anos mais tarde,
terá vindo para a região de Soure e possivelmente,
para a Quinta da Gramela, localizada junto a Pombal, hipótese
que nos parece ter fundamento uma vez que a Quinta pertencia
ao seu tio paterno, arcipreste Paulo de Carvalho e Ataíde,
de quem a acaba por herdar.
Para
alem desta Quinta tinha, ainda, um elevadíssimo numero
de propriedades nos arredores de Pombal, em Pelariga, Ranha,
Vale, Vila Cã, Assamassa, Gelfa (Soure), bem como a Quinta
de Nossa Senhora do Desterro (a sul da Gramela, em Santorum,
Granja e Escoural) e a Quinta de S. Gião (a norte da Gramela,
por Aldeia dos Redondos, Reis, Charneca dos Reis, Almagreira
e Lagares), das quais era igualmente senhor.
A
par da agricultura, o Marquês de Pombal procurou promover
a indústria no Concelho, tendo em 1759, criado a Real
Fábrica de Chapéus de Pombal (dirigida pelo francês
Sauvage), na Quinta da Gramela, a partir de uma proposta da Junta
do Comércio.
Tratava-se
de uma fábrica de chapéus finos, que funcionava
também como escola profissional, onde 25 aprendizes cumpriam
um período obrigatório de aprendizagem de 5 anos,
que culminava com um exame final que lhes possibilitava a obtenção
da "carta de mestre".
Esta
fábrica teve uma inegável importância, tendo
atraído a Pombal pessoas oriundas de diversas partes do
pais e do estrangeiro e, por outro lado, foi uma criação
que evidenciou o proteccionismo mercantilista. Portugal era importador
de artigos de luxo, nomeadamente de chapéus finos, sobretudo
vindos de França, pelo que esta criação
diminuía a nossa dependência e contribuía
para a resposta a crise económica e financeira que atingira
o pais por volta de 1760.
Em
reconhecimento do seu desempenho, recebeu 0 titulo de 1.0 Conde
de Oeiras, passando esta localidade a Vila em 1759, em retribuição
dos serviços prestados, durante mais de vinte anos, recebeu
o senhorio de juro e herdade da Vila de Pombal. As décadas
de 1760 e 1770 correspondem ao período mais prospero da
vida do Marquês, 0 que esta visível pela sua nomeação,
como 1º Marquês de Pombal, em 18 de Setembro de 1769.
E
como senhor de Pombal que efectua a ordenação da
parte baixa da vila e em 1776 manda construir na Praça,
hoje com seu nome, a cadeia, no sítio do antigo pelourinho
e o celeiro e manda restaurar o seu solar na Quinta da Gramela.
Após
a morte de D. José, em 1777, assistimos a morte política
de Sebastião José de Carvalho e Mello que, gravemente
doente, enfrenta a vingança dos seus adversários
políticos. Alguns dias após a morte do Rei, parece
ter pedido a D. Maria I que o isentasse das funções
que desempenhava e que o autorizasse a sair para Pombal, pedido
a que a Rainha respondeu favoravelmente. Isto leva a crer que
Carvalho e Mello, inicialmente, veio para Pombal por vontade
própria e não exilado, como se costuma pensar.
Chegado
a Pombal, a 15 de Março, o Marquês, em vez de se
instalar na Quinta da Gramela, fica numa casa localizada na Praça
junto a Matriz, que pertencera a família Castelo Melhor.
A sua recepção não foi propriamente acolhedora,
contudo a população, progressivamente, foi tendo
uma opinião mais favorável a seu respeito.
Foi alvo de muitas acusações e longo processo judicial,
tendo em 1779 sido acusado de fraude, roubo e de abuso de poder. Entre
11 de Outubro e 15 de Janeiro foi interrogado, na sua casa em Pombal,
onde se defendeu dizendo que se limitava a cumprir as ordens do Rei.
Em 1781, é proferida a sentença da Rainha, tendo o Marquês
sido considerado culpado das acusações, mas em função
do seu estado de saúde, apenas foi condenado a sair da corte e
a ficar a uma distância de vinte léguas. Julgamos ser nesta
altura que o seu exílio voluntário em Pombal, passa a exílio
compulsivo.
Em
8 de Maio de 1782, a sua morte coloca fim a tudo isto. Morto,
os seus restos mortais permanecem na Igreja do Convento de N.ª Sr.ª do
Cardal até 1856, data da transladação para
a Igreja das Mercês, em Lisboa. O caixão ficou no
entanto na Igreja do Cardal, de onde saiu em 1909 para a sacristia
tendo, em 7 de Novembro de 1910, a Câmara Municipal de
Pombal decidido incorpora-lo no seu espolio, fazendo hoje parte
do acervo do Museu Marquês de Pombal.
Cidália
Gaspar Lourenço Botas in
brochura do Museu Marquês de Pombal