SO
rapto de crianças para fins desconhecidos tem abalado
Portugal nos últimos tempos. Nunca de falou tanto em
crimes como sequestros, violações e desaparecimentos
inexplicáveis. O caso da menina inglesa Madeleine McCann,
de quatro anos, ocorrido no Algarve, é assunto todos
os dias nos jornais. E essa realidade parecia longe de Pombal.
Contudo, há cerca de um mês, duas crianças
de Vila Cã viveram momentos de angústia que,
segundo a mãe, têm dificuldade em esquecer.
Tudo aconteceu no dia 20 de Abril, por volta das 07h40. Os dois
irmãos, de 14 e 11 anos saíram de casa e foram
para a paragem de autocarro para irem para a escola. De acordo
com a mãe – que aceitou falar a’O ECO sob
o anonimato - “eles disseram que quando chegaram à paragem
estava lá um Renault Clio branco parado no local do autocarro.
O mais novo disse que quando viu o carro até abrandou
o passo, mas o autocarro chegou, fez sinal para parar e os miúdos
aceleraram o passo”. Entretanto, o autocarro ter-se-ia
colocado em marcha.
A mãe declara ainda a O ECO que as crianças teriam
ficado na paragem “e o senhor do Clio chamou-os. Disse
que os levava à escola. Eles disseram que não,
que ficavam à espera de outro autocarro, e ele insistiu”.
Um dos meninos teria pensado que era conhecido e “o mais
velho disse mesmo que o carro não era estranho. Dentro
do carro o homem começou a fazer telefonemas e a falar
em espanhol. Falou em Matosinhos, que às 12h30 chegaria
lá e o mais velho percebeu que ele teria dito que já levava
dois. Foi quando ficaram com medo, e ainda ouviram uma voz pelo
telemóvel a dizer para o homem que ele devia ir devagar
e com cuidado”.
Como a viatura não foi para a escola e virou para os Caseirinhos,
as crianças pediram que ele parasse, no que não
obtiveram resposta. “O carro era de duas portas e o mais
velho, que ia à frente, abriu a porta com o carro em andamento
e ameaçou jogar-se. Ele disse para ele ver o que estava
a fazer, mas parou. Se a criança se mandasse do carro…Eles
dizem que nem sabem como saíram”, afirma a mãe,
visivelmente nervosa. “Se ele os levasse para outro lado,
para alguma rede, ninguém sabia de nada. Eles foram para
a escola e só soube disso depois, O mais novo chegou a
casa à hora do almoço, trancou as portas todas
e fechou os estores. Dizia que tinha medo e que eles sabiam onde
morava. Já o mais velho não gosta de falar no assunto.
Desde esse dia não comem nem dormem descansados”.
Suspeito próximo
De acordo com a mãe dos miúdos, o alegado suspeito
teria entre 20 e 25 anos, moreno e de cabelo curto. Na ocasião
teria o braço esquerdo com gesso e, segundo os miúdos,
também fumava enquanto conduzia. “Há mais
de um mês fiz queixa na GNR, contei o acontecido, descrevi
o suspeito, mas não houve desenvolvimentos. Depois fiquei
a saber que ele seria de uma freguesia próxima, filho
de um antigo GNR, e que costuma ser visto próximo das
escolas em Pombal”.
Ainda no passado domingo, dia 20, esta mãe canta que “vi
uma foto dele no telemóvel de uma pessoa conhecida que
sabe do caso. Mostrei aos meninos e eles confirmaram que era
o indivíduo. Já me disseram que ele andou a dizer
que tinha sido uma brincadeira. Não me venham dizer que
foi brincadeira. Isso não se faz. Nem gosto de imaginar
que eu poderia estar agora a passar pelo mesmo que a mãe
daquela menina no Algarve”. (...)