A Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária
(ANSR) confirma que a prática adoptada pela empresa municipal
Pombal Viva em facilitar e reduzir em 50 por cento o valor da
coima definida no Código da Estrada, relativa à infracção
nas zonas de estacionamento pago na cidade de Pombal contraria
a lei. E afirma que não tem registo de qualquer pedido
de informação alegadamente enviado em Setembro
de 2007 pela mesma empresa municipal como foi referido pela Secção
do PSD local.
Na passada semana, a Comissão Política de Secção
do PSD, refere em comunicado que a Pombal Viva "solicitou
em Setembro de 2007" à ANSR esclarecimentos sobre "enquadramento
jurídico adoptado, que facilita e reduz em 50% o valor
da coima definido no Código da Estrada, permitindo aos
utentes infractores o seu pagamento voluntário",
acrescentando que a empresa municipal "aguarda há 13
meses resposta ao solicitado".
Contactada pelo NOTÍCIAS DO CENTRO, a Autoridade Nacional
de Segurança Rodoviária refere que "não
tem registo relativo ao pedido de informação alegadamente
enviado em Setembro de 2007" e acrescenta que "não
obstante, salienta-se que a ANSR não tem competência
para aprovar, nem está vinculada a dar parecer sobre regulamentos
municipais de estacionamento".
Por outro lado, relativamente à prática adoptada
pela Pombal Viva, a ANSR afirma que "os regulamentos municipais,
em matéria de trânsito, não podem conter
normas que contrariem o disposto no Código da Estrada,
não podendo, designadamente, fixar coimas de valor diferente
do previsto para a mesma infracção no Código
da Estrada".
Aquele organismo salienta, ainda, que "nos termos da lei,
não pode ter lugar a aplicação de qualquer
coima sem que, previamente, seja levantado o competente auto
por contra-ordenação".
Recorde-se que aquela ilegalidade foi denunciada na última
Assembleia Municipal pelo Adelino Mendes, referindo tratar-se
de uma "receita ilícita" por parte da Pombal
Viva.
Só alguns dias mais tarde é que o presidente da
Câmara Municipal, e simultaneamente do conselho de administração
da Pombal Viva, reagiu àquela denúncia. Em comunicado
referiu que o pagamento voluntário da coima "está em
consonância com o Código da Estrada" e que "é uma
figura com perfeito enquadramento legal".
No documento, Narciso Mota refere que "o pagamento voluntário,
por ser prévio à instauração da contra-ordenação
visa, pela pedagogia que encerra, dissuadir o estacionamento
abusivo", e acrescenta que a Pombal Viva "pauta a sua
actividade pelo estrito cumprimento da legalidade, mas não
pode deixar de repudiar que venha o Partido Socialista, agora,
colocar em causa a legalidade de uma norma" aprovada em
Assembleia Municipal.
Posteriormente, a Concelhia do PS emitiu um comunicado que,
numa sustentação jurídica, reafirma que
a ilegalidade da prática seguida pela Pombal Viva que,
no seu entender, revelam "actos ilícitos muitíssimo
graves". Acrescenta, ainda, que trata-se de uma "violação
grosseira" do Código da Estrada, o que permite à empresa
municipal "arrecadar receitas ilícitas, subtraindo-as
ao erário público".
Em recente comunicado, a Concelhia do PSD, presidida pelo próprio
Narciso Mota, veio dizer aquilo que a Câmara Municipal
e a Pombal Viva não tinha dito anteriormente: que antes
da aprovação do respectivo regulamento municipal,
solicitou à ANSR esclarecimentos sobre o "enquadramento
jurídico adoptado, que facilita e reduz em 50% o valor
da coima definido no Código da Estrada, permitindo aos
utentes infractores o seu pagamento voluntário".
Tendo o referido regulamento sido aprovado em Fevereiro de 2008
sem que a ANSR tenha enviado qualquer resposta.
Só que a ANSR diz desconhecer qualquer pedido que lhe
tenha sido enviado pela Pombal Viva e afirma que aquela prática
não tem enquadramento legal.