Foi sob o mote “Assanha perdeu a Paz” que a população
deste lugar, em Almagreira, ouviu atentamente os esclarecimentos
sobre a passagem do TGV naquela zona, na noite do passado dia
24.
O salão da capela local recebeu mais de uma centena de
pessoas para tirarem as suas dúvidas sobre o traçado
do TGV que vai atingir aquela freguesia.
Fernando Matias, presidente da Junta de Freguesia de Almagreira,
começou a sessão por dizer que com a passagem do
comboio de alta velocidade no lugar perde-se a paz do local. “Deixamos
de dormir e quem aqui investiu, fez um projecto para a vida,
vai ver tudo ir por água abaixo”, disse.
O presidente da Junta acrescentou ainda que, apesar de não
haver certezas sobre o traçado, existem várias
casas estão na iminência de ser demolidas e que
existe “uma faixa de terreno de 400 metros que está condicionada
e limitada à construção”.
De seguida Humberto Lopes, membro da autarquia de Almagreira
e também engenheiro civil, avançou que “na
Junta de Freguesia não concordámos com o projecto
em si, e futuramente não vai ser viável”,
acrescentando de imediato, que “não somos contra
os investimentos públicos mas sim que o dinheiro do nosso
bolso seja aplicado sem que haja retorno”.
Contou que há uma linha e um corredor de 200 metros, de
cada lado e que dentro de pouco tempo vão aparecer técnicos
para estudar os terrenos, as casas, as capelas, outros para a
viabilização do projecto.
Presente nesta sessão este o vice-presidente da Câmara
Municipal de Pombal, Diogo Mateus, que começou por congratular
a população pelo número de assinaturas conseguido
contra o projecto. Ao todo 853 pessoas disseram “Não” ao
TGV em Almagreira, durante a consulta pública.
Tecendo fortes criticas ao projecto Diogo Mateus considerou que “se
fossemos morcegos teriam mais respeito”, fazendo referência
ao parque eólico da Sicó, que foi chumbado devido à presença
de colónias de morcegos na serra.
O vice-presidente questionou o actual projecto do TGV, tendo
em conta o facto do novo aeroporto ser em Alcochete e não
na Ota.
Diogo Mateus terminou dizendo que “acho um disparate o
investimento, que raramente vamos utilizar e pouco dinheiro vamos
ganhar com isso”.
As dores de cabeça do projecto
Em Pombal as contestações a este projecto nasceram
com ele. Desde o seu início que as freguesias de Almagreira
e de Carnide reprovaram o projecto, alegando falta de viabilidade
e um investimento megalómano, quando há falta de
outros mais importantes nas freguesias.
Apesar de ainda não haver certezas, em ambas as freguesias
estão casas em risco, assim como projectos futuros.