É quase uma ironia do destino, mas em
Assanha da Paz, freguesia de Almagreira, os habitantes estão
em pé de guerra. O motivo é o traçado do
TGV, que poderá causar graves prejuízos na localidade,
incluindo interferências com infra-estruturas e actividades
económicas, e até mesmo a demolição
de algumas casas recentes. Mais de uma centena de pessoas já se
reuniu, na passada segunda-feira, para uma sessão de esclarecimento,
promovida pela Junta de freguesia; e ontem (quarta-feira) estava
previsto um encontro com o presidente da Câmara Municipal
de Pombal, Narciso Mota. Para além disso, um abaixo-assinado
já está a decorrer.
Os “vizinhos serão divididos por um comboio que
não nos traz nada de substancial”. A afirmação é do
próprio presidente da Junta, Fernando Matias, que está a
mobilizar a população para, até ao próximo
dia 09 de Outubro - último dia para a apreciação
do Consulta Pública do Estudo de Impacte Ambiental da
Ligação Ferroviária de Alta Velocidade entre
Lisboa e Porto, no troço entre Alenquer (Ota) e Pombal
- fazer chegar o descontentamento a quem de direito. Apesar de
referir que “ainda não há uma confirmação
exacta do traçado”, o autarca acrescenta que o mesmo “divide
a localidade em duas e prevê a demolição
de, pelo menos, duas habitações recentes. As pessoas
não estão contentes, sobretudo as que têm
um projecto de vida na Assanha da Paz, que é uma localidade
com uma forte capacidade de expansão”.
Da reunião, realizada no ATL da Assanha da Paz, junto à capela,
participaram “entre 120 a 130 pessoas”, afirma Fernando
Matias. No encontro, que durou mais de mais de três horas,
foi formada uma comissão, com sete membros, que iria reunir-se
ontem (quarta-feira) com Narciso Mota. Além disso, foram
chamadas duas pessoas, em cada localidade daquela freguesia,
para mobilizarem um abaixo-assinado, a ser entregue à Agência
Portuguesa do Ambiente.