Alexandra Monteiro não dorme como deve ser. Sente muita
pressão na cabeça e uma sensação
de vibração no corpo. As duas filhas, de 11 e nove
anos também apresentam os mesmos sintomas e as professoras
já chamaram a atenção para a necessidade
de serem vistas por um médico. Até o bebé,
de um ano e meio, não dorme. A casa que habitam, em Alto
dos Crespos, fica próxima a uma antena de telemóvel.
Alexandra acha que o equipamento é o causador dos males
e já pediu que a Câmara faça uma inspecção
ao aparelho.
“
Estivemos a morar em Pombal e, desde que moramos aqui, há um
ano e meio, que nos sentimos assim. A cabeça e o corpo
com uma pressão forte, como se estivéssemos ligadas à electricidade.
A sensação de choques e vibração
no corpo. A minha filha de nove anos não dorme, e a de
11 acorda a meio da noite a tremer, e diz-me: ‘é como
se eu estivesse com frio, mas não tenho’. Tenho
ainda um bebé, de um ano e meio, que quando eu acordo,
a meio da noite, com a sensação de vibração,
também acorda a chorar. Ainda há pouco tempo o
filho de um casal vizinho, que está de visita à terra,
e que tem a idade delas, já se queixou da mesma coisa”,
afirma Alexandra.
Para Alexandra, a antena de telemóveis que existe próximo
da
sua casa é a responsável por esses problemas. “Descobri
que era da antena por causa de um ‘motorola’. Estava
grávida, deitada no sofá, e tinha o telemóvel
próximo, numa mesa. O aparelho mexia-se sozinho. Acendia
o ecrã como se estivesse a receber mensagens…”.
Alexandra refere ainda que aos fins-de-semana e após as
18 horas sente mais a vibração, acrescentando que “há cerca
de três semanas piorou”.
De acordo com Alexandra, os vizinhos também se queixam,
mas “ninguém se quer envolver na questão”,
visto que o equipamento está numa propriedade privada. “Se
houvesse apoio seria mais fácil. Eu acho que deviam preocupar-se
porque têm filhos também. Os professores já alertaram
para o extremo cansaço da minha mais nova, que não
consegue dormir, e ela já foi a um neurologista. Agora
estamos à espera para fazer um TAC”.
Há cerca de três semanas Alexandra foi à Câmara
Municipal de Pombal “pedir que venham fazer uma vistoria.
O técnico que me atendeu até se riu e perguntou
se as pessoas não viam a TV, que já tinham feito
muitas reportagens a falar mal das antenas”. Alexandra
também fez uma queixa à DECO “e lá eles
disseram que recebem centenas de chamadas por dia pelo mesmo
problema”.
O ECO tentou contactar com a operadora de telemóveis proprietária
da antena, mas não foi possível obter uma resposta
em tempo útil.
Segurança e dúvidas
» A Organização Mundial de Saúde
estabelece um distância mínima para as antenas,
em função da potência dos emissores, de 600
metros.
»
Segundo a Deco, as investigações realizadas até hoje “deixam
muitas perguntas sem resposta”.
»
A Autoridade Nacional de Comunicações publicou
o folheto: “O que precisa de saber sobre as antenas das
estações de base dos telemóveis móveis”.
»
Cabe aos órgãos municipais, intervir no pedido
de instalação das estações de base
e antenas em terrenos ou edifícios.