Situada na margem direita da ribeira de Litém, foi desanexada
da freguesia de Santiago de Litém. Conhecida pelas batalhas
populares de que são famosos os cajados de Litém
e onde se destacaram os habitantes de Vila Gaiteira, Vila Galega,
Vila Pouca e Vila Verde.
A
história passada desta freguesia está intimamente
ligada à de S. Tiago de Litém, da qual
fez parte até 1835, ano em que foi desanexada
e conquistou a sua independência administrativa.
A freguesia de S. Simão de Litém tem a sua sede
na margem direita da ribeira de Litém, a qual mereceu
um aprofundado estudo de António Borges Coelho que é exposto
em “Quadros para uma Viagem a Portugal no século
XVI”. Com base no “Cadastro da População
do Reino em 1527” ele tira elações e fornece
indicações preciosas sobre a vida da região.
Numa dada parte do texto do recenseamento lê-se que a “Vintana
da Ribeira de Litém com o Alqueidão e as Ferrarias
e a Cutelaria e Santana e o Avelar e Cuba e Pipa e Centrãos-34
vizinhos”. Ora, sabe-se que cada vizinho (fogo) corresponderiam
4,5 habitantes o que dá uma população de
153 almas. Daqui, o autor conclui que “À primeira
vista estamos numa das regiões mais atrasadas e de população
mais pobre e dispersa do País. Mas sigamos o curso desta
ribeira de Litém...”.
Borges Coelho depois de percorrer as duas margens verifica que
os dados por vezes enganam, pois encontra por aqui “muitas árvores
de fruto e uma vinha de cavadura de 25 homens” além
de terras lavradas “em duas folhas e cada folha 150 alqueires
de pão em semeadura”. Completando o cenário, “uma
grande mata de carvalhal e soveral e doutro muito arvoredo”.
Já num “tombo” de 1508, publicado por António
Baião, se falava das potencialidades da região,
da qual a Ordem de Cristo e seu mestre, D. Manuel I eram senhorios.
A freguesia de S. Simão ficou bastante conhecida na sequência
de árduas lutas aqui travadas em prol da autonomia dos
territórios da margem esquerda da Ribeira de Litém,
delimitadora da área de jurisdição entre
o bispado de Leiria com o de Coimbra. Graves e várias
querelas foram sustentadas nos foros eclesiástico e civil
que muitas vezes deram origem a batalhas populares resolvidas à paulada.
Eram os famosos “cajados de Litém” a ditarem
as suas leis. A tradição oral, transmitida de geração
em geração fala de terríveis cenas de cajadadas,
protagonizadas pelos da terra, que puniam os forasteiros que
se atreviam a desrespeitar os hábitos locais. Os mais
temidos verberadores de pancada eram os habitantes de umas quintas
administradas em conformidade com ancestrais costumes romano-árabes.
Foram estas questões, aliadas a outras do foro administrativo
que acabaram por conduzir os fregueses da Capelania de S. Simão à sua
autonomia eclesiástica. Foi então instituído
o curado de S. Simão de Litém com apresentação
por parte do bispo de Leiria.
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