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História
da Freguesia de Abiúl
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Orago: N.
Sra. das Neves
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A freguesia de Abiúl ocupa a mesma zona da antiga “Abizeude”,
povoação visigótica. Foi D. Examena, devota
mulher nobre de D. Diogo Peares que lhe mudou o nome para “Abiúl”.
Abiúl foi local de muita afluência nobre e história
mas as invasões francesas do início do séc.
XIX e a mortandade da cólera-mórbus acentuaram
o abandono de Abiúl. A câmara e o julgado são
extintos em 1821 e em 1870 a Misericórdia é anexada à de
Pombal.
Abiúl
recebeu o seu primeiro foral em 1167 por Didacus
Peaiz e sua mulher D. Examena. Em 1175 foi doada
ao Mosteiro do Lorvão que vendeu parte da
vila a André de Sousa Coutinho, passando mais
tarde para os Duques de Aveiro que a fizeram prosperar.
Com a sua implicação na tentativa de
assassinato do Rei D.José, Abiúl é confiscada
e vendida em hasta pública iniciando um período
de decadência hoje ultrapassado. (Leia
mais)
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A
descobrir
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Situada
em elevação pedregosa, esta antiga
vila alcança uma certa notoriedade e uma elevada
importância entre os finais do século
XIII e meados do século XVIII.
Teve o seu primeiro foral outorgado em 1167 o que
atesta a antiguidade desta freguesia, que como povoação deve existir
desde os tempos visigóticos. Sabe-se que o actual território
ocupa o mesmo local da “Villa” Abizoude, o que é comprovado
pelas escrituras godas que se vêem nas vergas das portas
exteriores, existentes na Igreja de Nossa Senhora das Neves.
Abiud era o nome da povoação ao tempo do foral
de 1167 e também assim aparece num documento de 1206.
D. Examena, que juntamente com o seu marido Diogo Peariz, concedeu
a Abiul aquele privilégio, mudara-lhe o nome em homenagem
ao patriarca bíblico da Casa de David.
Poucos anos depois, o casal faleceu sem deixar descendentes,
revertendo a vila para a coroa. Em 1175, D. Afonso Henriques
resolveu, através de carta testamentária, doá-la
ao Mosteiro de Lorvão, na pessoa do abade D. João.
Em meados do século XIII, uma parte do senhorio da vila
foi alienado aos ascendentes de André Sousa Coutinho e,
após o falecimento deste, passaria toda a vila para as
mãos da Casa de Aveiro.
É a partir daqui que se regista o gradual crescendo de importância
que irá durar quase cinco séculos. Através do empenho dos
duques de Aveiro a vila cresce rapidamente o que leva D. Manuel I a conceder-lhe
foral novo a 14 de Julho de 1515.
É então dotada, já mais tarde, com câmara, cadeia,
tabelião, juiz de cabeça de julgado, pois a vila era também
uma circunscrição territorial, e ainda capitão-mor com duas
ordenanças. Os duques fazem também construir um hospital, igrejas,
capelas e instituem a Misericórdia.
É nesta freguesia e na era seiscentista que aparece a praça de
touros mais antiga do País. Era dotada de um redondel murado a pedra firme,
estando os curros e os alçados das bancadas seguros por grossos troncos
de pinheiro. Manteve-se no seu lugar até 1951 ano em foi substituída
por uma outra, nova e moderna adaptada às exigências da lida tauromáquica.
Em 1766 registou-se um curioso episódio, quando o bispo
de Coimbra, D. Frei Miguel da Anunciação, excomungou
as touradas de Abiul no dia de Nossa Senhora das Neves. Foi grande
o diferendo e só viria a ser sanado por despacho de D.
José I, em 27 de Agosto de 1769: “...para não
faltar ao costume e devido culto, que nesta posse se conservam
desde tempos que excede a memória dos homens, presidindo
a Câmara a todos os actos desta festividade, porém
que neste presente ano sucederá que julgando Vós
não ser decente outro festejo que não fosse o da
Igreja, pretendestes estabelecer que não houvesse touros,
nem os costumados divertimentos que vêm em consequência
deles... sou servido declarar-vos, que tão dissonante é impedirdes
a festa que costuma fazer naquela igreja a Câmara e o povo
de Abiul, com excesso e abuso da vossa jurisdição
e ministério é proibir directa ou indirectamente
os touros e que a uma ou outra coisa vos deveis abster...” e
a partir daí continuariam os touros a ser lidados nos
dias de festa da padroeira.
Estava-se na época em que tinha começado o período
de crescimento da importância de Abiul. Em 1758, na noite
de 3 para 4 de Setembro, D. José é vítima
de um atentado. Entre os implicados no crime encontrava-se D.
José de Mascarenhas, duque de Aveiro e também mordomo-mor
da casa real. É condenado à morte, a 12 de Janeiro
de 1759 e todos os bens da Casa de Aveiro são confiscados,
entre eles os de Abiul que são vendidos em hasta pública.
A partir daí, a vila não mais se recompôs,
e com as Inva-sões Francesas e a pestilenta cólera-morbus,
sofria a machadada final. Em 1821 é extinto o julgado
e concelho de Abiul e em 1870 a Misericórdia é anexada à de
Pombal.
Para a posteridade e relembrando aqueles faustosos tempos, ficaram
os restos do Paço dos Duques, vestígios de vários
solares da nobreza que aqui residia e a casa de Abiúl,
o solar, entretanto recuperado, que foi de André Sousa
Coutinho. Registe-se o belo arco manuelino de um portal e o nicho
seiscentista de pedra lavrada, que foi da capela dele.
O Inventário Artístico de Portugal fala-nos de
tudo isso, acrescentando ainda, um pórtico que pertenceu
ao edifício da Misericórdia, e a descrição
da igreja paroquial: “Templo com a frontaria sobre um escadório,
portal de cantaria almofadada, coroado de uma cruz e com pirâmides
ornamentais, um óculo, uma janela lateral e torre com
sineiras duplas. Tem uma nave grande, coberta de um tecto de
madeira de três planos, capela-mor, dois altares colaterais
e dois laterais...”. É ainda dado realce ao retábulo
de talha setecentista, da capela-mor e à escultura de
pedra representando o orago.
Como nota etnográfica refira-se o forno que ainda hoje
se conserva, e no qual se registava uma cerimónia que
atraía muitos forasteiros: nele entrava um homem de cravo
na boca chapéu armado, dando três voltas dentro
do forno aceso desde a véspera e trazia para fora o bolo
já cozido.
Fonte: www.aminhaterra.com.pt
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Igreja
Paroquial de Nossa Senhora das Neves
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De
estilo barroco(sofreu diversas obras ao longo dos
tempos), de uma só nave com altar-mor, sacristia,
baptistério e torre sineira. Interiormente
apresenta cinco altares dedicados a N. Sra. das
Neves, ao Santíssimo Senhor Jesus, a N.
Sra. do Rosário e Almas.
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A
Lenda de Nossa Senhora das Neves
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Teve origem nos anos de 1561-62 em que a população
foi contaminada pela peste. Sem esperança, povo e fidalgos
foram em procissão à igreja implorar a Nossa Senhora
o fim da epidemia. Ao pedido juntaram a obrigação
de festejar no primeiro domingo de Agosto de cada ano, com missa
solene, sermão e corrida de toiros. A peste cessou e o
povo agradecido tem realizado solenemente as Festas. Por altura
das Festas, Nossa Senhora das Neves, padroeira da paróquia,
fazia todos os anos um milagre. Num enorme forno onde
se queimavam 6 a 7 carradas de lenha, era metido um bolo de trigo
de 110 a 120 Kg. Em seguida um homem entrava no forno, depois
de confessado e comungado, dava a volta ao bolo e saía,
sem lesões. Tudo se passava em frente da imagem da Virgem,
colocada em frente ao forno. A tradição foi mantida
até 1913.
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Cronologia
1167 - Abiul teve primeiro foral dado por D. Afonso Henriques,
tendo sido doada por este rei ao Mosteiro do Lorvão;
1515 - D. Manuel deu-lhe Foral novo; Séc. 16 - data
provável de construção da capela em
que estava inserido, que terá pertencido ao Palácio
de André de Sousa Coutinho e por sua morte ao Duque
de Aveiro até 1759, ano em que foi condenado à morte
e espoliado dos seus bens, por alegada implicação
no regicídio de D. José I.
Tipologia
Arquitectura religiosa, maneirista. Nicho que fez parte da capela
do palácio dos Duques de Aveiro.
Fonte
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Enquadramento
- Urbano. Adossado. Estabelece o acesso ao Largo
do Terreiro, rodeado por construções
de 1 e 2 pisos; no extremo do terreiro um outro
arco de aduelas lisas.
Descrição
- Arco de volta redonda ornado por torsal recriando
um arco policêntrico, assente em capitéis
e colunelos em torsal. O arco apoia-se lateralmente
em edifícios construídos posteriormente.
Cronologia
- Séc. 15 (final) / 16 (inícios) -
data provável de construção
do Palácio de André de Sousa Coutinho,
que depois da sua morte passaria ao Duque de Aveiro.
Este deteve o senhorio da vila de Abiúl até 1759,
ano em que, por acusação de envolvimento
na tentativa de regicídio, é espoliado
de todos os seus bens e condenado à morte,
por ordem do Marquês de Pombal; 1990 - despacho
de classificação como Imóvel
de Interesse Público, de 29 Maio.
Fonte
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Descrição
- Forno de planta semi-elipsoidal; massa simples
disposta na horizontalidade; cobertura exterior a
domo. Flanqueado por muro em aparelho rusticado,
pano único delimitado por dois pilares embebidos
almofadados com remate em empena de lanço
côncavo, com cornija saliente, sobrepujado
por pináculo. Porta em arco alteado, de volta única
aduelada com saimel alto, abre para concavidade revestida
a tijolos. Parte posterior bojuda.
Cronologia
- 1167 - D. Diogo Pearis e sua mulher Dona Exemena
outorgam o primeiro foral à vila; 1175 - o
senhorio passa para a coroa; D. Afonso I faz doação
da mesma vila ao mosteiro de Lorvão; 1496
- D. Manuel dá, por alvará, as rendas,
direitos e a jurisdição da vila de
Abiul a D. Leonor de Noronha, viúva de Lopo
de Albuquerque, 1º conde de Penamacor; 1501
- D. Manuel dá o senhorio de Abiul a Gonçalo
da Silva, da estirpe dos senhores de vagos; 1515
- novo foral concedido por D. Manuel; 1561 / 1562
- Deflagra grande peste, que causa inúmeras
vítimas, pelo que os albiunenses fazem voto
de realizar festa a Nossa Senhora das Neves no primeiro
domingo de Agosto. O forno da praça acendia-se
na sexta-feira antecedente, consumindo até domingo
12 ou 13 carradas de lenha, depois do que lhe metiam
dentro um bolo (fogaça) de 10 ou 12 alqueires
de trigo, o qual era tirado por um homem que no forno
entrava, mas só depois de se haver confessado
e comungado; séc. 16 - senhorio dos duques
de Aveiro que herdam, juntamente com o palácio,
dos Silva Coutinho; 1759 - passam para a coroa os
bens confiscados aos duques de Aveiro, juntamente
com o senhorio da vila, sendo comprados, na sua maior
parte, pelos fidalgos Aboins ou Alvins (Grande Enciclopédia
Portuguesa e Brasileira).
Fonte
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A
origem das Festas do Bodo de Abiúl
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Vem
de 1561 realização das touradas em
Abiúl. Segundo dizem velhos documentos, por
volta deste ano, uma terrível epidemia dizimou
as gentes da região de Abiúl, deixando
alguns lares completamente vazios. O povo aterrorizado
implorava as benesses dos Céus, pois em cada
dia que passava, o flagelo levava à sepultura
dezenas de pessoas, chegando a juntar-se no adro,
num só dia imagine-se dez a quinze corpos.
Todos os recantos à volta do cemitério
foram improvisados para lhe darem repouso, não
havendo, em certa altura, tempo para se realizarem
individualmente as cerimónias fúnebres,
nem tão pouco lhes dar caixão, muitas
pessoas iam de corpo à terra. A atestar tal
verdade está o facto de ainda aparecerem à poucas
dezenas de anos muitas ossadas sem quaisquer vestígios
de madeira, nos terrenos onde hoje se situa o jardim
do Adro. Aos muitos peticionários que recorriam
a Deus, juntou-se a Câmara da Vila, prometendo à Virgem
Nossa Senhora, Excelsa Padroeira de Abiúl,
fazer-lhe uma grande festa se Ela, com a sua Celestial
Misericórdia acabasse com a peste que alastrava
assustadoramente. E as benesses vieram! – Vieram
trazer ao povo a paz e as benções desejadas.
Leia
mais
Fonte
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Lotação:
5000 pessoas
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Se
querem saber os motivos da tourada ser uma festa popular,
enraizada no mais profundo da nossa cultura, vão
até Abiúl, perto de Pombal, assistam a
uma corrida na praça local e desfrutem do ambiente
alegre e festivo que ali se vive ... e tirem as vossas
conclusões!
Abiúl
merece, de facto, uma visita ao seu precioso centro
histórico, nomeadamente ao seu Largo da Praça
Velha, onde como o próprio nome indica, a
história diz que terá sido o palco
em 1561 das primeiras touradas realizadas em Portugal
a elas assistindo os duques de Aveiro, em palanque
reconstruido recentemente. As Festas do Bodo de Abiúl,
em honra de Nossa Senhora das Neves surgiram, segundo
reza a tradição, na sequência
da peste que atingiu a região em 1561/2. Ligada
a estas festas estão indelevelmente as touradas,
que se realizam no primeiro fim de semana de Agosto
e que contam com a assistência de centenas
de emigrantes em França, que nesta altura
do ano regressam às suas terras, e que dão
um colorido visual e sonoro muito especial às
bancadas da sua bem cuidada praça de touros.
Crónica
de Fernando Baptista,
enviado especial, na mais antiga praça de
toiros de Portugal.
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Palanque
dos Duques de Aveiro
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Construído
no Século XVI onde a nobreza assistia às
touradas.
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